Primeiras palavras

"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8,32)

Apresentamos por meio dessa ferramenta um espaço para a reflexão sobre teologia, religiões e espiritualidade.
Aqui, você encontrará também material para a animação e formação da catequese, dos agentes de pastoral e para todos aqueles que querem aprofundar-se nos dados da fé. Enfim, propostas para uma pastoral verdadeiramente a serviço do Reino por gestos e palavras.
Paz e bem!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

ESPIRITUALIDADE NA VIDA DO LAICATO

1. ESPIRITUALIDADE
O que é espiritualidade? Ao contrário do que se possa pensar, a espiritualidade não se resume apenas as coisas do Alto, do Espírito. É espiritualidade também aquilo que está na nossa realidade natural. Oramos para que, em Deus, tenhamos forças para vencer os desafios do dia-a-dia. O cotidiano coloca-nos, constantemente em situações nas quais se faz necessário exercitar aquilo que vivemos na piedade, na prática ritual da fé.
Como ser cristão(ã) fraterno(a) num mundo no qual as desigualdades, o consumismo e a competitividade nos lançam numa conduta de vida cada vez mais egoísta? Notamos assim, que a espiritualidade dos leigos e leigas que vivem as dores e a incongruência do mundo deve ser profundamente enraizada na realidade natural, porém com os olhos voltados para a GRAÇA DIVINA.

1.1 DIMENSÃO ORACIONAL
Para falarmos de espiritualidade, precisamos nos lembrar de que sozinhos não temos muita chance de vencermos as adversidades, por isso encontramos na oração um importante apoio para nossa missão na vida diária. O cristão que não reza tem sérios problemas na sua vida espiritual, e aqui cabe a pergunta: se a boca fala do que o coração está cheio, cheio de que está o coração do cristão que não reza? Seria possível ser testemunha do grande amor de Deus sem a experiência de Deus na oração?
Vale aqui lembrar que a oração é via para Deus, sem ela o acesso a Deus fica extremamente árido, sem vida. Sem oração não há verdade no seu testemunho. É como falar de um lugar lindo que você só conhece por cartão postal.
Sem a oração o cristão perde a intimidade com o Senhor. Uma vez que não fala com Ele, não o conhece, não faz a experiência de Deus em si, relata algo que não vive em si, portanto seu testemunho não convence nem entusiasma ninguém.

1.2 DIMENSÃO TESTEMUNHAL (Cristão-batismo-testemunho)
Quando falamos da oração como condição de possibilidade para uma autêntica experiência de Deus, nos arremetemos à questão própria do testemunho: Vivi, por isso sou capaz de dar, com autoridade, crédito às minhas palavras. Isso é testemunho! Ninguém fez por mim, eu mesmo fiz, por isso sei do que estou falando.
Todo cristão batizado é chamado a viver e ser testemunha de sua fé. Com cada vez mais propriedade o cristão é aquele que, em vista de ter “sofrido” a ação salvífica de Cristo em si, tem um chamamento especial de Deus para ser “arauto”(aquele que anuncia).
Nos textos do Novo Testamento (NT), encontramos muitas vezes a palavra testemunho, e temos uma compreensão dela a partir da nossa cultura, o que na maioria das vezes é um problema. Pois, em nossa linguagem a palavra testemunho refere-se à observação externa de determinado fato. Quando lemos testemunho no NT, na verdade deveremos ler martiria = martir (no texto original em grego significa algo como aquele que sofre em si determinada ação). Assim, fica claro do que trata o autor sagrado quando fala de testemunho, pois na verdade aquele que é batizado não é mero espectador de uma ação (diferente das testemunhas de acidente de trânsito que somente viram, de longe, o acidente), mas ao contrário, o batizado é martiria, pois sofre em si a graça do batismo, por isso é capaz de – com autenticidade – levar o Evangelho a toda criatura. Assim, o cristão leigo é martiria do Evangelho e sua experiência de vida nas realidades cotidianas é fruto de sua experiência de Deus no mundo com suas inconstâncias.

1.3 GAUDIUM ET SPES: O PROTAGONISMO DO(A) LEIGO(A) NA EVANGELIZAÇÃO E NAS RESPOSTAS AO MUNDO MODERNO.
Sabemos que o Concílio Vaticano II (1962-1965) trouxe para a Igreja uma avalanche de mudanças, muitas ainda hoje, em processo de realização. No tocante ao laicato, já é possível ver alguns avanços, principalmente no que se refere a presença dos leigos na difusão Evangelho. Os leigos são uma legião de homens e mulheres que no dia a dia vivem a fé de maneira ímpar: estão num mundo onde a morte e do pecado estão em contradição com a busca da dignidade humana e da vida eterna.
É preciso dar respostas ao mundo contemporâneo, e assumir sem si o fundamental papel na evangelização do mundo em favor dos mais pobres.
Todos aqueles que vem às nossas comunidades tem em si uma mesma pergunta: o que a Igreja tem a dizer-me sobre a vida, a morte e sobre as coisas do mundo? Por traz de todas as situações de vida daqueles que atendemos em nossa ação pastoral está a mesma pergunta: Qual é a resposta da Igreja para as dores do mundo?
É evidente que o clero também tem responsabilidade sobre as respostas concretas das quais falamos até aqui, afinal, seu ministério se norteia por essa ação: ser evangelizador. Contudo, um padre, um bispo, um religioso não está onde o leigo cotidianamente encontra-se. O mundo do trabalho, as escolas, as universidades, as associações amigos de bairro, o clube de futebol, o comércio e tantos outros lugares, são espaços onde o leigo se faz presença evangelizadora, daí sua vital importância para Igreja.
Será preciso entender que o texto “Gaudium et spes” quer trazer esperanças e alegrias aquela porção Povo de Deus que ainda não entendeu seu verdadeiro papel de batizado, a verdadeira graça e efeito do ser cristão, leigo para o mundo presente.
Como grande extensão dessa realidade, os espaços de evangelização são também um espaço do laicato, pois a transmissão da experiência de fé é prerrogativa de todo aquele que fez tal experiência. Assim, parece-nos claro que a ação evangelizadora deve mesmo ser levada à frente pelos leigos, pois são esses são provocados a responder, a partir dos dados da fé, à sociedade.

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